A primeira tentativa de estimular o coração através de descargas elétricas foi realizada no século XIX (testes feitos em pacientes decapitados condenados à morte).
Um tempo depois, dois médicos de Dublin, Irlanda, descobriram que a arritmia cardíaca era capaz de causas inconsciência súbita. Em 1882, Hugo von Ziemssen, cardiologista alemão, fez as primeiras simulações elétricas no miocárdio.
Na década de 30, foi desenvolvido um modelo precursor do marcapasso (A.S. Hyman), reanimando um coração com impulsos elétricos conduzidos para o interior da caixa torácica por meio de uma agulha. O equipamento — que pesava 7 quilos, era movimentado por um relógio e precisava de corda a cada 6 minutos — conseguiu reanimar o coração de um paciente com descargas elétricas que eram conduzidas do aparelho para o tórax por meio de uma agulha. No entanto, a versão inicial era pouco segura, já que poderia potencialmente eletrocutar o usuário.
Quase 30 anos depois, em 1958, o sueco Rune Elmqvist desenvolveu para o cirurgião Ake Senning um modelo muito mais leve e seguro, composto de um marcapasso com transistores de silício para ser implantado sob a pele.
O aparelho, que pesava cerca de 60 gramas e funcionava com baterias de níquel e cádmio, foi usado pela primeira vez em outubro deste mesmo ano, em um paciente de nome Arne Larsson.
No ano de 1962 teve início a produção dos primeiros eletrodos de marca-passo endocárdicos permanentes ; que passam através de uma veia do paciente até o coração. Isso reduziu o risco do procedimento de implantação do marca-passo.
As décadas de 60 e 70 marcaram a época da chegada do marca-passo ao Brasil. As primeiras cirurgias para colocar o aparelho foram feitas pelos cardiologistas Décio Kormann e Adib Jatene.
A partir de 1970, com o surgimento das baterias de lítio e o uso dos circuitos de baixa potência, as unidades geradoras dos marcapassos passaram a ter uma vida útil de muitos anos. Nesta década, O aparelho, até então bem grande em termos de tamanho, começou a ter suas dimensões diminuídas e vida útil aumentada devido aos avanços da medicina.
O ano de 1973 marcou o lançamento do primeiro marca-passo recarregável comercial. Com a capacidade de recarregar a bateria, a vida útil do marca-passo passou de um ano e meio para 20 anos.
Em 1978, foi lançado o primeiro marcapasso de chip único, permitindo a redução do tamanho do aparelho e se tornando um dispositivo mais confiável. Em 1979, surge o primeiro marcapasso com telemetria bidirecional, ou seja, há possibilidade de transmissão de dados do aparelho implantado para o computador do médico e vice-versa. No ano seguinte, surge o primeiro marca-passo a usar telemetria bidirecional ; que transmite dados do aparelho implantado para o computador do médico e vice-versa. Essa tecnologia permitiu que os médicos reprogramassem o aparelho de maneira não invasiva.
O início dos anos 80 ficou marcado pelo lançamento do primeiro marca-passo baseado em microprocessador. O uso de microprocessadores melhorou a capacidade de um médico de ajustar as configurações do marca-passo e obter informação diagnóstica. Já no final da década ocorreu o lançamento, nos Estados Unidos, do primeiro marca-passo de câmara dupla com modulação de frequência. Esse aparelho permite estimular tanto o átrio do coração quanto o ventrículo, imitando de maneira mais semelhante o ritmo natural do coração. No caso da modulação de frequência, essa tecnologia permitiu que o marca-passo notasse mudanças na atividade de uma pessoa através do movimento corporal, freqüência de respiração ou temperatura e então ajustasse a freqüência cardíaca de acordo com estes parâmetros.
Em 1993 a Administração norte-americana de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), aprova o cardioversor desfibrilador implantável (CDI) Cadence com marca-passo associado. Antes, os pacientes que precisavam do CDI e do marca-passo precisavam usar os dois aparelhos separadamente.
Dois anos depois, o menor marca-passo do mundo, Microny, é lançado para ser usado por crianças. Tem o tamanho aproximado de uma moeda de R$1. No mesmo ano é lançada a tecnologia de autocaptura (Autocapture), que permite que os marca-passos sejam monitorados constantemente e ajustem automaticamente a quantidade de energia necessária
Na virada de milênio (2001) morre Arne Larsson, o paciente que recebeu o primeiro marca-passo.
Já no ano de 2003 a FDA aprova o primeiro sistema de monitoramento remoto de pacientes para aparelhos cardíacos implantáveis capazes de descarregar e armazenar dados. A emissão de dados é feita por um transmissor conectado a uma linha telefônica. Isso permite que o médico monitore as informações do coração do paciente em tempo real.
2009: Lançamento do primeiro marca-passo com telemetria por radiofrequência. Isso permite uma comunicação sem fio segura entre o dispositivo implantado e o programador utilizado pelo medico ou monitor residencial.
Com o desenvolvimento da tecnologia, os aparelhos de marcapasso estão cada vez mais sofisticados e com funções que facilitam o dia a dia dos pacientes.
Desde que o primeiro marcapasso foi implantado em Larsson, o aparelho vem passando por sucessivos aprimoramentos. Dos 60 gramas iniciais, ele passou a pesar entre 13 e 20 gramas e há até mesmo modelos de tamanho equivalente ao de uma moeda.
Os marcapassos mais modernos são geralmente compostos por uma caixa de titânio com um circuito eletrônico movido a bateria e de um ou dois cabos com eletrodos que são conectados no local para o qual se pretende enviar os impulsos elétricos.
Em versões mais atuais, o aparelho, que é implantado entre a pele e o músculo, pode inclusive ser monitorado a distância pelo médico, via notebook ou smartphones. A vida útil do marcapasso gira entre 7 a 12 anos e a bateria é recarregada por indução magnética.
Em geral, o marcapasso pode ser divididos em 3 tipos no que diz respeito ao seu modo de funcionamento:
- Convencional: o modelo é utilizar para monitorar a frequência cardíaca e fazer os ajustes para que os batimentos cardíacos atinjam um patamar considerado normal. Por isso é, em geral, o modelo escolhido para pacientes com bradicardia, condição que deixa os batimentos do coração mais lentos que o habitual.
- Cardiodesfibrilador implantável: além de corrigir o ritmo cardíaco, o aparelho é capaz de detectar uma parada cardiorrespiratória e enviar impulsos elétricos de alta intensidade para que o coração volte a funcionar. Em geral, é implantado em pacientes portadores de taquicardia ventricular, condição que pode provocar a morte súbita por arritmia.
- Ressincronizador: o aparelho envia impulsos elétricos que ajudam a manter a sincronia no bombeamento de sangue do ventrículo. Esse é o tipo mais indicado para pacientes com insuficiência cardíaca congestiva.
No entanto, excetuando-se alguns poucos cuidados, os portadores de marcapasso podem levar uma vida normal e bastante ativa.
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Fontes:
http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2002_02/a2002_v15_n02_art07.pdf
https://www.scielo.br/j/rba/a/dymfHvyVPwj9JH9gBfHMFkj/?lang=pt&format=pdf