Médica realizando cirurgia

Cirurgia de citorredução com HIPEC: saiba como o tratamento age e é importante para salvar vidas

Por Equipe Cardiomed •

|

h

Médica realizando cirurgia

Médica em cirurgia. Fonte: Yandex

O câncer é uma das doenças que mais matam no Brasil. Em 2019, de acordo com a Agência Brasil (2023) O câncer levou a óbito 232.040 pessoas, em todas as idades. Na faixa de 30 a 69 anos, foram 121.264 mortes e de acordo como Instituto Nacional do Cancer (INCA) e no período entre 2020 a 2022, 625 mil novos casos foram registrados no país. Ainda segundo o INCA, em estudo recentemente publicado, são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025.

Dentre os diversos tipos da doença que infelizmente acometem centenas de milhares de brasileiros a cada ano, um dos mais agressivos é o câncer do peritônio (Carcinomatose Peritoneal). Essa ocorrência de câncer em 90% dos casos é secundária, decorrendo de outros tumores em órgãos da região abdominal como estômago, intestino e órgãos do

sistema reprodutor feminino. Dessa forma, as células cancerígenas atingem uma membrana que reveste os órgãos do abdômen, conhecida como peritônio. Essa membrana tem como principal função dar sustentação a cavidade abdominal,
recobrindo órgãos e as vísceras, conferindo proteção a essas estruturas, além de produzir o líquido peritoneal e outras funções correlatas.

imagem peritênio

Peritônio visceral. Fonte: Kenhub

O peritônio é formado por duas camadas: uma reveste os órgãos (peritônio visceral) e a outra reveste a perede abdominal na sua face interna (peritônio parietal). Entre as duas camadas existe um espaço virtual chamado cavidade peritoneal.

A maior parte dos pacientes com Carcinomatose Peritoneal são mulheres em idades avançadas. Os tipos de caricinomatose peritoneal secundária variam de acordo com o local de origem da doença, como intestino, ovário, estômago, pâncreas e apêndice, entre outros. Entre os tumores primários de peritôneoa, os tipos mais incidentes são o mesotelioma e o adenocarcinoma, sendo que esta último afeta mais as mulheres.

 

imagem peritônio

Peritônio parietal. Fonte: Art Medicina

Apesar de agressivo e raro, esse tipo de câncer é tratável. Os tratamentos possíveis são:

*Quimioterapia tradicional 

*Quimioterapia com aerossol intraperitoneal pressurizada

*Cirurgia citorredutora, que tem por objetivo remover todos os tumores visíveis (macroscópicos) da cavidade peritoneal. Durante o procedimento, também podem ser extraídos timores de outras partes do abdomem (intestino, pâncreas, bexiga, etc) ou órgãos inteiros, como ovários e vesícula.

 

É justamente nessa terceira alternativa que é realizado a HIPEC, sigla do inglês Hiperthermic Intraperiotenal Chemoterapy (Quimioterapia intraperitoneal Hipertérmica). O tratamento, que age na destruição das células e tumores microscópicos, é realizado em conjunto com a cirurgia de citorredução (CTR). Enquanto a cirurgia citorredutora ocorre com a retirada dos tumores macroscópicos da cavidade abdominal e de órgãos acometidos (remoção total ou parcial), o HIPEC consiste na perfusão uniforme de uma mistura de soro e quimioterapia em alta concentração, aquecida entre 40 e 43 graus, o que aumenta a sua eficácia. Esta solução circula pelo abdômen do paciente por um período entre 30 e 90 minutos. Sua indicação tem como objetivo erradicar a doença residual microscópica (células e tumores restantes que não podem ser vistos a olho nu), buscando consolidar os resultados da cirurgia. No total o procedimento completo leva de 8 a 14 horas para ser concluído, a depender da complexidade do caso.

Tendo sido
desenvolvida pelo cirurgião americano Dr. Paul Sugarbaker em meados dos anos
80, a HIPEC possui uma ação quimioterápica muito mais efetiva, em
comparação com a aplicação endovenosa tradicional. Algumas das drogas
utilizadas no procedimento HIPEC chegam a ser dez vezes mais
potentes. Outro ponto muito benéfico é a associação à hipertermia (calor),
que potencializa ainda mais os efeitos. O tratamento HIPEC é
indicado em pacientes diagnosticados com tumores potencialmente passíveis
de citorredução, apresentando risco de recorrência após a cirurgia de retirada
do tumor. É também indicada quando há presença de disseminação do câncer
periotenal passível de citorredução, em conjunto com a retirada do tumor
primário, ou após recorrência. Principais Indicações do tratamento HIPEC:


  • Pseudomixoma peritoneal
  • Mesotelioma peritoneal
  • Carcinoma do apêndice
  • Carcinomatose colorretal
  • Carcinomatose gástrico
  • Carcinomatose ovário.

HIPEC

Representação esquemática HIPEC. Fonte: Wikipedia

O sistema mais avançado para realização da HIPEC é o Perfmorer HT da fabricante italiana Rand. O Performer HT é um sistema particular (equipamentos e dispositivos descartáveis) para tratamentos hipertérmicos em oncologia cirúrgica, presente em mais de 200 centros ao redor do mundo, com mais de 20.000 tratamentos realizados. Além do HIPEC, outras aplicações possíveis do sistema são:

Quimioterapia hipertérmica intratorácica para o tratamento de mesoteliomas pleurais malignos e carcinomatose pleural.

Perfusão isolada normotérmica/hipertérmica da extremidade, para o tratamento de melanomas malignos e sarcomas de partes moles.

Perfusão isolada normotérmica/hipertérmica do fígado, para tratamento de metástases hepáticas múltiplas.

Posts Relacionados

Não perca
nenhuma novidade!

Assine nossa Newsletter